quarta-feira, 2 de maio de 2012

Anda tudo congelado. Das pontas dos meus dedos duros que tocam o teclado, até o ultimo resquício da minha alma. Quem me dera fosse só o romântico inverno...
As palavras também congelaram, foram as primeiras. Como um pequeno sinal do que ainda estava por vir, como a ponta do Iceberg.
Eu não sei quando eu deixei tudo congelar, quando larguei meus sentimentos espalhados por ai, em silêncio, como palavras sem formas. Hoje elas me engasgam, e eu nem ao menos sei o que elas significam, nem da onde surgiram.
Algo mudou... E eu quero o antigo calor das palavras de volta.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quando perdi minhas palavras

Quando foi que as palavras me perderam? Ou seria eu que simplesmente teria as mandado embora, enquanto cegamente me perdi em mim mesma? Tudo o que sei é que aqui elas não estão mais, você já longe esta e para a minha cegueira tudo parece mais que bem.
Quando foi que eu me desviei dos meus sonhos, larguei sua mão e mantive meus olhos bem fechados, para não precisar perceber a onde meus pés me levavam? Quando foi que as palavras me perderam?
Segurei outras mãos, senti o amargo gosto da solidão e não teve abraços a me consolar, nem ninguém me chamando pelas minhas palavras favoritas... Ah moço, devolve a calma pro meu coração. Eu te deixo partir, mas lhe imploro; me devolva as minhas palavras.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eramos o contrário, inverso. Nos olhávamos nos olhos. Podia ver claramente enquanto seu olhar fixava no meu olho escurecido pela sombra do meu rosto, enquanto eu focava no dele, iluminado pelo sol. Éramos assim, noite e dia, procurando um no outro uma fagulha do oposto com a qual nos identificariamos...
Sera que ele havia encontrado?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

...

Quem me dera viver sempre uma lembrança esquecida,
poder ver tudo com olhos estrangeiros de quem pela primeira vez vê
e não deixa um detalhe passar.
Talvez assim, sem esses olhos acostumados com o costume,
a indecisão não me achasse na rotina,
no mapa dos meus dias, então já borrados com o esquecimento.
Então o que a memória esquecesse, os sentidos lembrariam.
Como um delicado deja-vu as gotas da chuva na pele, os pés na calçada,
o pa-pa-pa do andar apressado e a pressão da sua mão na minha.
Eu lembraria, e tão logo esqueceria.

domingo, 12 de junho de 2011

P. P. F.

Cada vez que você ouviu com delicadeza as minhas exigências, fez aquela pose enquanto pensava, me olhou confuso enquanto eu me explicava. Todas elas foram marcadas como pontos fortes em mim, e nem acredito que eu demorei tanto pra perceber.
A pessoa que eu nunca imaginei no passado, nem no futuro, mas a única que fala comigo sobre todos os tempos, que preenche a minha alma com todo diálogo que eu quero e com mais. E eu pedi tão pouco, e você me deu tanto.
Toda vez que eu desejei de novo as suas mãos no meu cabelo, o seus braços em volta de mim ou você me chamando daquele jeito que qualquer outra voz pode chamar, mas só funciona com a sua. Eu pedi milhares de vezes, e você me deu, com atraso, mas me deu exatamente o que eu precisava, todas as vezes.
O riso, o esquecimento, os pequenos conselhos, as viajens ao futuro, até mesmo cada vez que você fez com que eu te odiasse... Eu te agradeceria, se não tivesse me feito te querer mais ainda. Ver que você não me deixa jogar, que ainda tem alguém que me confunde, que me enrola, que parece indecifrável e que vê o mundo de cima, sem saber de nada mas entendendo de tudo.
E nada mudou.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Verdadeiras mentiras

Poderia me dar o prêmio de mentirosa do ano. Já tinha mesmo 15 deles guardados dentro da minha alma. De mim, pra mim, eles era o símbolo de que as vezes, pra sobreviver, as mentiras são mais que necessárias. Muitas vezes nem só para a própria sobrevivência, mas para a dos que te cercam.
Apesar da imensa coleção de mentiras, as minhas verdades eram mais conhecidas. A arma de um bom mentiroso sempre foi saber quando mentir. Se mentir sobre tudo, fama de mentiroso, se nunca mentir, fama de ingênuo. Algo me dizia que as minhas verdades, ditas em alto e bom som na cara de quem estivesse aberto para ouvir, mascaravam as minhas mentiras. Mas elas continuavam lá, fossem vistas só por mim ou por todos.
Mas tinha um tipo de mentira que era diferente, privilegiada. As minhas mentiras, as quais eu vestia, interpretava, vivia. Eram uma teia de aranha que me sustentava e prendia todos que se aproximassem demais. Mentiras escritas, ditas ou apenas pensadas. Eram falas de um outro personagem, ditas pela minha boca. Mentiras que todos tomavam como verdade. Como ser a mentirosa do ano, mentira. Apenas uma garota, perdida demais, pra saber como adquirir verdades sem mentiras.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Falsas verdades.

Tinha um andar decidido de quem certamente estava em dúvida. Seu olhar questionava toda a confiança que seu corpo passava. Nunca havia aprendido a mentir, mas com certeza sabia quebrar uma boa mentira. Sorrisos, tem coisa mais mentirosa do que esse simples gesto de felicidade? Havia. Palavras também nunca foram muito sinceras. Quando arrancadas com vigor ou deixadas fugir, elas mostravam o caminho para uma verdade entranhada na alma. Mas a verdade mesmo, essa só os olhos contavam.
Se impressionava cada vez mais com o tanto de coisas que ela achava por trás de olhares desconhecidos, e com o fato de muitas vezes ninguém mais ver. Eram coisas tão óbvias: risos com olhos vagos, sorrisos com olhares desfocados e as vezes apenas olhares pensativos. Imaginava se as pessoas simplesmente não percebiam as verdades estampadas nos rostos umas das outras ou se era apenas mais fácil ignorar.
E ela seguia com a confiança questionável, fazendo dos olhares sua especialização. Alguns ela guardava somente pra ela, como uma tentativa de acreditar que cada verdade não pronunciada era notada por alguém no mundo, mesmo que você não tivesse consciência disso, outros ela simplesmente tentava consertar. Mas com o tempo ela aprenderia que sorrisos mentirosos não podiam ser obrigados a mostrar verdades, e que alguns olhares continuariam vagos, sem ninguém notar.