sábado, 19 de março de 2011

Me irritava não poder ver seu rosto nitidamente, mas eu podia sentir com clareza seus olhos focados em mim. Em silêncio, nós dois sentados no meio fio, iluminados pela luz fraca de um poste a alguns metros. Ninguém prestava atenção. Admito, nem eu, que olhava fixamente para os seus olhos analisando o meu rosto sobre o efeito de um pouco de bebida, não prestava mais atenção em nada.
Eu não ligava. Adorava o jeito com que eu poderia ficar ali para sempre, sem dizer nada. Provavelmente teria continuado não prestando atenção em nada, se você não tivesse me beijado. Aqueles lábios mornos e vacilantes sobre os meus me despertaram. E de repente não conseguia parar de pensar como eu tinha chego ali, tão sem querer.
"Desculpa." Ouvi aqueles lábios pronunciarem, ainda de olhos fechados, enquanto se afastavam dos meus. Inacreditável! Não pude me impedir de dar risada, ainda fora de mim. "Eu esperava no máximo um tapa, ou um olhar de dó. Não risadas. É tão patético assim?"
Patético era eu me debatendo com as palavras, diante de você, tão sem geito. O que estava acontecendo comigo? "Pelo que exatamente você esta se desculpando?"
"Por ter te beijado?" "As pessoas não deveriam se desculpar por demonstrarem seus sentimentos." Retruquei. "Então, por ter feito algo que você não queria?"
Eu não pude segurar o sorriso, nem o tremor na minha voz forçada ao natural "Quem disse que eu não queria?"
Com certeza, naquele momento eu tive a visão perfeita, independente de qualquer condição, do brilho no seu olhar quando você sussurrou, descrente: "Você queria?"E eu revirando os olhos cheguei mais perto de você. E quando você tomou minhas mãos nas suas murmurei "Para de ser idiota e me beija."