quarta-feira, 25 de maio de 2011

Verdadeiras mentiras

Poderia me dar o prêmio de mentirosa do ano. Já tinha mesmo 15 deles guardados dentro da minha alma. De mim, pra mim, eles era o símbolo de que as vezes, pra sobreviver, as mentiras são mais que necessárias. Muitas vezes nem só para a própria sobrevivência, mas para a dos que te cercam.
Apesar da imensa coleção de mentiras, as minhas verdades eram mais conhecidas. A arma de um bom mentiroso sempre foi saber quando mentir. Se mentir sobre tudo, fama de mentiroso, se nunca mentir, fama de ingênuo. Algo me dizia que as minhas verdades, ditas em alto e bom som na cara de quem estivesse aberto para ouvir, mascaravam as minhas mentiras. Mas elas continuavam lá, fossem vistas só por mim ou por todos.
Mas tinha um tipo de mentira que era diferente, privilegiada. As minhas mentiras, as quais eu vestia, interpretava, vivia. Eram uma teia de aranha que me sustentava e prendia todos que se aproximassem demais. Mentiras escritas, ditas ou apenas pensadas. Eram falas de um outro personagem, ditas pela minha boca. Mentiras que todos tomavam como verdade. Como ser a mentirosa do ano, mentira. Apenas uma garota, perdida demais, pra saber como adquirir verdades sem mentiras.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Falsas verdades.

Tinha um andar decidido de quem certamente estava em dúvida. Seu olhar questionava toda a confiança que seu corpo passava. Nunca havia aprendido a mentir, mas com certeza sabia quebrar uma boa mentira. Sorrisos, tem coisa mais mentirosa do que esse simples gesto de felicidade? Havia. Palavras também nunca foram muito sinceras. Quando arrancadas com vigor ou deixadas fugir, elas mostravam o caminho para uma verdade entranhada na alma. Mas a verdade mesmo, essa só os olhos contavam.
Se impressionava cada vez mais com o tanto de coisas que ela achava por trás de olhares desconhecidos, e com o fato de muitas vezes ninguém mais ver. Eram coisas tão óbvias: risos com olhos vagos, sorrisos com olhares desfocados e as vezes apenas olhares pensativos. Imaginava se as pessoas simplesmente não percebiam as verdades estampadas nos rostos umas das outras ou se era apenas mais fácil ignorar.
E ela seguia com a confiança questionável, fazendo dos olhares sua especialização. Alguns ela guardava somente pra ela, como uma tentativa de acreditar que cada verdade não pronunciada era notada por alguém no mundo, mesmo que você não tivesse consciência disso, outros ela simplesmente tentava consertar. Mas com o tempo ela aprenderia que sorrisos mentirosos não podiam ser obrigados a mostrar verdades, e que alguns olhares continuariam vagos, sem ninguém notar.

sábado, 14 de maio de 2011

Dark wishes

Alguns pensamentos não me deixavam em paz. São como pequenos pesadelos, que no silêncio da madrugada me roçam o rosto e me seguram os braços. Pesadelos, às vezes eles podiam ser tão sedutores. Era uma voz doce, calma. Sabia exatamente o que dizer, como me convencer. As imagens voltavam á minha cabeça, os sonhos eram novamente despedaçados. Não doía. Devia doer. Essa era a questão.

Meus pés eram guiados pra fora da cama, encostavam delicadamente no chão. O ar frio envolvia todos os pensamentos e diálogos em minha mente. Eu era a minha única companhia nesses momentos, e na maioria dos outros. Se alguém tinha de me convencer sobre o que é certo e perigoso, esse alguém era eu. Confiava, por mais doce e fria que a minha consciência soasse.

Paro em frente ao pequeno armário branco. Cansei de ver as pessoas tomando decisões, entre a vida e a morte. Tudo tão... Drástico! Tudo oito ou oitenta. A felicidade agora ou a infelicidade eterna. Eram tantos planos, tantos segredos, sonhos feitos apenas para não serem perseguidos. São coisas demais pra serem postas em minhas mãos. Abro a gaveta. Os talheres sempre foram algo um tanto patético pra mim. Pateticamente fortes. O meio termo. Ninguém o escolhia. E na minha visão, ele sempre foi a melhor das opções. O alguma coisa entre o nada e o tudo.

Impressionei-me com a delicadeza do deslize sobre meu braço, o escarlate ficava fascinante na falta de luz. O meio termo, eu gostava dele. E meu corpo implorava.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O tempo passou, anos passaram-se para ser mais exata, e eu continuo não acreditando. Enquanto todas as pessoas acreditam que é difícil crescer, mudar, eu me pergunto o que eu deveria sentir.
Não foi apenas duro entender que as pessoas podiam ser diferentes do que se imaginava, nem ter meu coração quebrado. Mas ainda é impossível acreditar que o que todo mundo tem como pilar de força, eu tenho como pés de uma mesa de plástico bamba.
Dói, toda a vez que eu tenho que esconder o quanto é duro. Toda a vez que eu vejo pessoas lutando por algo que eu simplesmente queria que não existisse. Ter que conviver com um segredo mantido longe de você, mas que você conhece. Dói, toda vez. É quase insuportável a lembrança de quando tudo era como devia ser.