terça-feira, 1 de novembro de 2011

Eramos o contrário, inverso. Nos olhávamos nos olhos. Podia ver claramente enquanto seu olhar fixava no meu olho escurecido pela sombra do meu rosto, enquanto eu focava no dele, iluminado pelo sol. Éramos assim, noite e dia, procurando um no outro uma fagulha do oposto com a qual nos identificariamos...
Sera que ele havia encontrado?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

...

Quem me dera viver sempre uma lembrança esquecida,
poder ver tudo com olhos estrangeiros de quem pela primeira vez vê
e não deixa um detalhe passar.
Talvez assim, sem esses olhos acostumados com o costume,
a indecisão não me achasse na rotina,
no mapa dos meus dias, então já borrados com o esquecimento.
Então o que a memória esquecesse, os sentidos lembrariam.
Como um delicado deja-vu as gotas da chuva na pele, os pés na calçada,
o pa-pa-pa do andar apressado e a pressão da sua mão na minha.
Eu lembraria, e tão logo esqueceria.

domingo, 12 de junho de 2011

P. P. F.

Cada vez que você ouviu com delicadeza as minhas exigências, fez aquela pose enquanto pensava, me olhou confuso enquanto eu me explicava. Todas elas foram marcadas como pontos fortes em mim, e nem acredito que eu demorei tanto pra perceber.
A pessoa que eu nunca imaginei no passado, nem no futuro, mas a única que fala comigo sobre todos os tempos, que preenche a minha alma com todo diálogo que eu quero e com mais. E eu pedi tão pouco, e você me deu tanto.
Toda vez que eu desejei de novo as suas mãos no meu cabelo, o seus braços em volta de mim ou você me chamando daquele jeito que qualquer outra voz pode chamar, mas só funciona com a sua. Eu pedi milhares de vezes, e você me deu, com atraso, mas me deu exatamente o que eu precisava, todas as vezes.
O riso, o esquecimento, os pequenos conselhos, as viajens ao futuro, até mesmo cada vez que você fez com que eu te odiasse... Eu te agradeceria, se não tivesse me feito te querer mais ainda. Ver que você não me deixa jogar, que ainda tem alguém que me confunde, que me enrola, que parece indecifrável e que vê o mundo de cima, sem saber de nada mas entendendo de tudo.
E nada mudou.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Verdadeiras mentiras

Poderia me dar o prêmio de mentirosa do ano. Já tinha mesmo 15 deles guardados dentro da minha alma. De mim, pra mim, eles era o símbolo de que as vezes, pra sobreviver, as mentiras são mais que necessárias. Muitas vezes nem só para a própria sobrevivência, mas para a dos que te cercam.
Apesar da imensa coleção de mentiras, as minhas verdades eram mais conhecidas. A arma de um bom mentiroso sempre foi saber quando mentir. Se mentir sobre tudo, fama de mentiroso, se nunca mentir, fama de ingênuo. Algo me dizia que as minhas verdades, ditas em alto e bom som na cara de quem estivesse aberto para ouvir, mascaravam as minhas mentiras. Mas elas continuavam lá, fossem vistas só por mim ou por todos.
Mas tinha um tipo de mentira que era diferente, privilegiada. As minhas mentiras, as quais eu vestia, interpretava, vivia. Eram uma teia de aranha que me sustentava e prendia todos que se aproximassem demais. Mentiras escritas, ditas ou apenas pensadas. Eram falas de um outro personagem, ditas pela minha boca. Mentiras que todos tomavam como verdade. Como ser a mentirosa do ano, mentira. Apenas uma garota, perdida demais, pra saber como adquirir verdades sem mentiras.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Falsas verdades.

Tinha um andar decidido de quem certamente estava em dúvida. Seu olhar questionava toda a confiança que seu corpo passava. Nunca havia aprendido a mentir, mas com certeza sabia quebrar uma boa mentira. Sorrisos, tem coisa mais mentirosa do que esse simples gesto de felicidade? Havia. Palavras também nunca foram muito sinceras. Quando arrancadas com vigor ou deixadas fugir, elas mostravam o caminho para uma verdade entranhada na alma. Mas a verdade mesmo, essa só os olhos contavam.
Se impressionava cada vez mais com o tanto de coisas que ela achava por trás de olhares desconhecidos, e com o fato de muitas vezes ninguém mais ver. Eram coisas tão óbvias: risos com olhos vagos, sorrisos com olhares desfocados e as vezes apenas olhares pensativos. Imaginava se as pessoas simplesmente não percebiam as verdades estampadas nos rostos umas das outras ou se era apenas mais fácil ignorar.
E ela seguia com a confiança questionável, fazendo dos olhares sua especialização. Alguns ela guardava somente pra ela, como uma tentativa de acreditar que cada verdade não pronunciada era notada por alguém no mundo, mesmo que você não tivesse consciência disso, outros ela simplesmente tentava consertar. Mas com o tempo ela aprenderia que sorrisos mentirosos não podiam ser obrigados a mostrar verdades, e que alguns olhares continuariam vagos, sem ninguém notar.

sábado, 14 de maio de 2011

Dark wishes

Alguns pensamentos não me deixavam em paz. São como pequenos pesadelos, que no silêncio da madrugada me roçam o rosto e me seguram os braços. Pesadelos, às vezes eles podiam ser tão sedutores. Era uma voz doce, calma. Sabia exatamente o que dizer, como me convencer. As imagens voltavam á minha cabeça, os sonhos eram novamente despedaçados. Não doía. Devia doer. Essa era a questão.

Meus pés eram guiados pra fora da cama, encostavam delicadamente no chão. O ar frio envolvia todos os pensamentos e diálogos em minha mente. Eu era a minha única companhia nesses momentos, e na maioria dos outros. Se alguém tinha de me convencer sobre o que é certo e perigoso, esse alguém era eu. Confiava, por mais doce e fria que a minha consciência soasse.

Paro em frente ao pequeno armário branco. Cansei de ver as pessoas tomando decisões, entre a vida e a morte. Tudo tão... Drástico! Tudo oito ou oitenta. A felicidade agora ou a infelicidade eterna. Eram tantos planos, tantos segredos, sonhos feitos apenas para não serem perseguidos. São coisas demais pra serem postas em minhas mãos. Abro a gaveta. Os talheres sempre foram algo um tanto patético pra mim. Pateticamente fortes. O meio termo. Ninguém o escolhia. E na minha visão, ele sempre foi a melhor das opções. O alguma coisa entre o nada e o tudo.

Impressionei-me com a delicadeza do deslize sobre meu braço, o escarlate ficava fascinante na falta de luz. O meio termo, eu gostava dele. E meu corpo implorava.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O tempo passou, anos passaram-se para ser mais exata, e eu continuo não acreditando. Enquanto todas as pessoas acreditam que é difícil crescer, mudar, eu me pergunto o que eu deveria sentir.
Não foi apenas duro entender que as pessoas podiam ser diferentes do que se imaginava, nem ter meu coração quebrado. Mas ainda é impossível acreditar que o que todo mundo tem como pilar de força, eu tenho como pés de uma mesa de plástico bamba.
Dói, toda a vez que eu tenho que esconder o quanto é duro. Toda a vez que eu vejo pessoas lutando por algo que eu simplesmente queria que não existisse. Ter que conviver com um segredo mantido longe de você, mas que você conhece. Dói, toda vez. É quase insuportável a lembrança de quando tudo era como devia ser.

sábado, 19 de março de 2011

Me irritava não poder ver seu rosto nitidamente, mas eu podia sentir com clareza seus olhos focados em mim. Em silêncio, nós dois sentados no meio fio, iluminados pela luz fraca de um poste a alguns metros. Ninguém prestava atenção. Admito, nem eu, que olhava fixamente para os seus olhos analisando o meu rosto sobre o efeito de um pouco de bebida, não prestava mais atenção em nada.
Eu não ligava. Adorava o jeito com que eu poderia ficar ali para sempre, sem dizer nada. Provavelmente teria continuado não prestando atenção em nada, se você não tivesse me beijado. Aqueles lábios mornos e vacilantes sobre os meus me despertaram. E de repente não conseguia parar de pensar como eu tinha chego ali, tão sem querer.
"Desculpa." Ouvi aqueles lábios pronunciarem, ainda de olhos fechados, enquanto se afastavam dos meus. Inacreditável! Não pude me impedir de dar risada, ainda fora de mim. "Eu esperava no máximo um tapa, ou um olhar de dó. Não risadas. É tão patético assim?"
Patético era eu me debatendo com as palavras, diante de você, tão sem geito. O que estava acontecendo comigo? "Pelo que exatamente você esta se desculpando?"
"Por ter te beijado?" "As pessoas não deveriam se desculpar por demonstrarem seus sentimentos." Retruquei. "Então, por ter feito algo que você não queria?"
Eu não pude segurar o sorriso, nem o tremor na minha voz forçada ao natural "Quem disse que eu não queria?"
Com certeza, naquele momento eu tive a visão perfeita, independente de qualquer condição, do brilho no seu olhar quando você sussurrou, descrente: "Você queria?"E eu revirando os olhos cheguei mais perto de você. E quando você tomou minhas mãos nas suas murmurei "Para de ser idiota e me beija."

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011


Com o tempo eu parei de deixar as pessoas serem partes de mim. Parei de deixar que elas fossem como partes essenciais minhas, meus braços, minhas pernas, minha mente e na pior das hipóteses, meu coração.
Me dei espaço, me reconstitui, me fiz inteiramente minha, somente. Coloquei todo mundo de lado, cortei as amarras e me fiz feliz por mim mesma. Me fiz melhor sozinha, e com o tempo, fiz com que todo mundo quisesse ser parte de mim novamente.
Mas não acontecesse. Se tem uma coisa que você aprende quando perde os seus membros mais importantes, seus elos mais fortes, é não deixar que qualquer um torne-se um deles.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O mais fino cristal

Me pegava rindo quando pensava na vida. Não na vida inteira, mas sim na parte que vinha me chamando atenção nos últimos tempos: a confiança, com quem você divide a sua vida.
Fica todo mundo tão desconcertado pensando se pode confiar em tal pessoa, se ela é confiável, o que ela ira fazer com as informações adquiridas... Mas ninguém para pra pensar: o que realmente eu tenho pra esconder?
Confiança é uma coisa pequena, frágil, mais delicada que cristal. Mas você não precisa confiar no mundo de corpo e alma, nem fazer disso alguma prova de aceitação. Aproveita pra aprender com as pessoas em quem você não tem nada, nem confiança ou desconfiança. Veja o quanto elas podem te fazer feliz e o quanto você pode fazer por elas. E no final, adquirindo confiança ou não... Do que você se esconde?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Olá, meu nome é Jenny. Tenho 16 anos e estou a dois meses sem você.
Quer dizer, quase dois meses. Isso sem contar todas as vezes em que eu me peguei morrendo de raiva de você, ou quando eu me peguei falando com você pra te contar o quanto você era idiota por tudo o que estava fazendo, até mesmo quando eu disse essas coisas sem ser diretamente.
A minha atual quase abstinência me rendeu outros vicios, grandes. Como o de leituras românticas, leituras vorazes, nas quais eu me via imaginando como seria viver num mundo sem você, com outros melhores, exatamente como aqueles que eu achava no meio daquelas páginas que eu andei devorando. Também tem o vicio de outro alguém... Ao qual eu ainda tenho um tanto de medo de me render, já que é como se desfazer de um vicio, pra cair de cabeça em outro. No entanto, esse vicio anda ajudando, o suficiente.
Surgiram alguns pequenos vicios também: jogar jogos, mudar de estilo, fazer o que eu não devia... Mas nada de demais, nada preocupante.
O próximo passo? Bom, eu só preciso me decidir agora se só preciso me livrar do vicio, ou se preciso me livrar de você também. Sabe como é, decidir o que eu preciso. Pra ser feliz.

sábado, 22 de janeiro de 2011

About forget

Perdoar sempre foi uma coisa corriqueira na minha vida. Sem essa de perdoar sem esquecer, nem de esquecer sem perdoar. Eu era uma mistura. Perdoava, esquecia, mas me lembraria muito bem da sua ultima mancada quando errasse de novo, e então perdoaria.
Com o tempo, as coisas mudaram. Eu deixava as pessoas errarem, mas nem sempre as contava, apenas guardava, como uma pequena ocorrência. Que eu aprendi a guardar, até juntar um grande bolo delas.
Foi ai que você caiu. E claro, foi contra minhas próprias regras que eu te avisei de cada pequena ocorrência, mas não mudou nada. Aqui ainda esta você, depois da grande multa, esperando por perdão enquanto eu coloco mais algumas novas ocorrências no seu registro.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


Cada pessoa tinha algo importante dentro de si. Alguns tinham a inteligência, outros a habilidade, alguns apenas a vontade. Ela tinha dentro de si segredos, e acreditava que isso era o que de mais importante lhe cabia. Não eram apenas segredos seus, foi assim que começou apenas.
Com o tempo, lidar com segredos se tornou tão fácil que ela os lia no rosto das pessoas. Era como se eles estivessem lá, o tempo todo, apenas escritos em letras miudinhas dando delicadas voltas pelas suas faces. Nos segredos mais difíceis, ela tinha a curiosidade. Algo de que ela particularmente não gostava, mas sempre lhe foi muito útil. Sabia bem como usa-la, assim como onde obter respostas, mais segredos. E ela os guardava, um por um, dentro da sua pequena caixinha.
Ela gostava disso, no fundo no fundo. Lidar com segredos nunca havia sido uma coisa fácil, há motivos, diversos, para as pessoas os guardarem. E ela os tinha ali, na palma da mão. Mas ela gostava de saber sempre no que estava se metendo, onde estava pisando. Era bom ver o jogo de cima, útil. E enquanto ela ia lendo as pessoas, as guardando, vendo o jogo de cima, ela procurava. Procurava pela pessoa, que iria guarda-la.

~Não sei porque hoje deu vontade de começar um outro blog. Quem sabe essa seja apenas uma promessa de um novo começo de mim, pra mim mesma. Tanto faz, o texto é um tanto quanto antigo, o blog um tanto quanto novo. Que o novo começo de certo.