terça-feira, 24 de maio de 2011

Falsas verdades.

Tinha um andar decidido de quem certamente estava em dúvida. Seu olhar questionava toda a confiança que seu corpo passava. Nunca havia aprendido a mentir, mas com certeza sabia quebrar uma boa mentira. Sorrisos, tem coisa mais mentirosa do que esse simples gesto de felicidade? Havia. Palavras também nunca foram muito sinceras. Quando arrancadas com vigor ou deixadas fugir, elas mostravam o caminho para uma verdade entranhada na alma. Mas a verdade mesmo, essa só os olhos contavam.
Se impressionava cada vez mais com o tanto de coisas que ela achava por trás de olhares desconhecidos, e com o fato de muitas vezes ninguém mais ver. Eram coisas tão óbvias: risos com olhos vagos, sorrisos com olhares desfocados e as vezes apenas olhares pensativos. Imaginava se as pessoas simplesmente não percebiam as verdades estampadas nos rostos umas das outras ou se era apenas mais fácil ignorar.
E ela seguia com a confiança questionável, fazendo dos olhares sua especialização. Alguns ela guardava somente pra ela, como uma tentativa de acreditar que cada verdade não pronunciada era notada por alguém no mundo, mesmo que você não tivesse consciência disso, outros ela simplesmente tentava consertar. Mas com o tempo ela aprenderia que sorrisos mentirosos não podiam ser obrigados a mostrar verdades, e que alguns olhares continuariam vagos, sem ninguém notar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário